Chegados aos meus 42 anos re-descobri a fotografia analógica, mais de 2 décadas depois Tinha comprado uma SLR Canon EOS de filme no meu 1º ano de universidade e fiz as minhas primeiras fotografias "sérias" com ela, porque até então só tinha uma Canon Powershot compacta para fazer umas brincadeiras. Ficava fins de semana na cidade onde estudei com o propósito de acordar cedo e ir apanhar a luz da manhã numa serra qualquer ali na zona.
Mas foi uma experiência breve, não devo ter feito mais de 10 rolos. Geralmente com filme barato (na altura), Kodak ColorPlus ou Fujifilm Superia.
Aquilo que me fez redescobrir a fotografia analógica tantos anos depois foi por causa da inundação de conteúdo no Youtube com tanta gente nova a fotografar com filme, durante tanto tempo. Curioso que sou, fui tendo uma "lavagem cerebral" ao longo do tempo e tive vontade de fotografar novamente com filme.
Entretanto adquiri uma Fujifilm X100V e fui aplicando as famosas receitas JPEG e outras da minha autoria, e diverti-me bastante com ela. Mas não era a mesma coisa. Faltava o conforto de um visor maior e de um verdadeiro anel de focagem manual. Na verdade, a Canon EOS que tinha também era toda ela electrónica, e não me dava prazer nenhum usá-la. A minha motivação ao fotografar com ela era ver os resultados.
O verdadeiro clique aconteceu há cerca de 1 ano quando por acaso me apareceu no Youtube um vídeo com a história da fotografia, um vídeo da BBC produzido há muitos anos e que foi descrevendo toda a evolução das câmaras fotográficas, desde a primeira experiência na Inglaterra com uma muito longa exposição para papel pouco sensível à luz, até às compactas automáticas de 35mm que tornaram a fotografia prática e descomplicada a todas as pessoas.
Comecei também a ver tutoriais de como processar filme em casa e correu sempre tudo muito bem, mais fácil do que esperava. Mas para isso também contribui o uso do Cinestill DF96 que é um tudo-em-um e facilita mesmo muito o processo. Claro que falo do filme a preto e branco. Ainda não me atrevi a processar filme a cores em casa, não só porque requer mais químicos e maior precisão, mas também porque o próprio filme a cores está incrivelmente caro. Vejo rolos de Kodak Gold 200 (um filme razoável, mas longe da qualidade profissional de um Ektar ou Portra, por exemplo) a rondar os 20€, é absurdo. Por causa disso tenho fotografado a preto e branco, maioritariamente com filmes Ilford, e até agora têm-se dado bem com o Cinestill.
O scanning do filme faço em casa com a câmara e lente macro.
Recentemente encostei a Canon EOS e comprei uma Nikon FM2n. Wow Que maravilha da mecânica. Dispensa baterias em todas as velocidades de disparo (até 1/4000s). Nunca tinha posto as mãos numa SLR clássica. O meu pai tem uma rangefinder Konica com o fotómetro avariado e nunca me atrevi a fotografar com ela até há bem pouco tempo, em que estudei e decidi arriscar com a conhecida regra Sunny 16 para fazer as exposições. Funcionou (razoavelmente)! Mas prefiro uma SLR para focar, sinceramente.
Dito isto, tenho usado mais a Nikon FM2n do que a minha Sony A7 III. O prazer que a Nikon me dá é imenso, e somente com uma mera 50mm f/1.8 AI-S. Saber que estou a usar um aparelho quase todo ele mecânico, à excepção do fotómetro que necessita de pilhas, é uma inspiração para mim. Sei que em princípio também será sempre fácil de reparar em caso de avaria. É uma beleza. O visor dela é enorme e brilhante e a facilidade com que se foca é qualquer coisa.
Agora estou a ponderar vender a Sony e todas as objectivas, porque a Nikon decidiu lançar há pouco tempo a câmara que eu sempre quis ter e não sabia, a Nikon ZF. Com ela acho que vou fotografar como o faço na FM2n, de forma ponderada e pausada, sem o fazer avidamente como fazia quando era mais novo. Posso até partilhar as objectivas, se apostar em fotografia totalmente manual, que é o mais certo. E uma objectiva macro para fazer scanning de filme
Por isso gostava de perguntar aqui se alguém tem ou está a pensar comprar a ZF. Qual foi a motivação para essa compra, e como a usam ou pretendem usar.